Rio de Janeiro - Até o próximo dia 30, a Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (Cbic) e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (Cebds) deverão concluir o projeto Construção Sustentável, que será
apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
a Rio+20, em junho, no Rio.
O projeto tem o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), Organização
Mundial do Trabalho (OIT) e de bancos multilaterais. A ideia é preparar o
projeto e tentar trabalhá-lo no mundo inteiro, disse à Agência
Brasil o presidente da Cbic, Paulo Safady Simão.
O projeto de mudança completa do setor da construção no Brasil vem sendo
estudado há cerca de três anos. Ele prevê a integração entre as áreas de
sustentabilidade e inovação tecnológica. A inspiração veio de experiência feita
na Inglaterra que, segundo Simão, tomou para si a responsabilidade de fazer o
melhor país sustentável do mundo.
O projeto engloba um conjunto de ações que visa à sustentabilidade do setor
em todos os sentidos, disse Simão Para ele, isso implica a substituição de
materiais na industrialização e semi-industrialização. "Nós estamos falando de
resíduos sólidos, de água, de iluminação, de conforto, de emissão de gases. Isso
é conseguido por meio de inovação tecnológica”. A substituição de materiais vai
racionalizar a construção, diminuir perdas. A meta é usar equipamentos modernos
que se aproximem da emissão zero de carbono. “Nós temos que perseguir isso”.
O problema, segundo Simão, é “vender” essa ideia a um parque formado por
cerca de 170 mil empresas e produzir uma mudança de comportamento e de cultura
significativa. Na sua opinião, esse não é um problema só do Brasil., mas
universal.
A construção sustentável trará benefícios para o planeta, que já enfrenta
problemas de alteração do clima, devido à emissão de gases poluentes. De acordo
com pesquisa do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável
(WBCSD, a sigla em inglês), o setor da construção civil responde por 40% da
energia consumida em todo o mundo e por 35% das emissões de carbono. “Temos que
modernizar o processo de construção para reduzir isso. Essa é uma grande
contribuição que o setor vai dar”.
Para a sociedade brasileira, Simão disse que além do benefício ambiental, o
projeto representará ganhos em termos de vida útil de uma construção, estimada
em 50 anos. Os custos com energia, água e saúde durante a vida útil de um imóvel
serão resolvidos “quando você planejar profundamente um projeto e criar
condições para que essa construção, ao longo de 50 anos, seja muito mais
sustentável do que é hoje. O ganho para a população é fantástico”. O presidente
da Cbic lembrou que o planejamento de uma construção sustentável deve visar à
preservação da natureza para as gerações futuras.
Para que o Brasil consiga, entretanto, executar o projeto de construções
sustentáveis, terá que vencer alguns desafios, entre eles a reformulação dos
modelos, de materiais e do próprio processo de construir, incluindo a mudança
de cultura dos empresários do setor.
A parceria com o Cebds não se esgotará na Rio+20, explicou Paulo Simão. A
Cbic vai fazer parte da Câmara Técnica da Construção, do conselho, para a
elaboração conjunta de outros projetos.
Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
Publicado por Agência Brasil
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